sábado, 19 de dezembro de 2009

O telefone toca e do outro lado és tu que me chegas. Sinto-te a respiração rápida, pesada, entrecortada por uma emoção traiçoeira. Todo o meu corpo desperta ao som da tua voz. Dizes que me desejas, que me queres. "Agora" - ordenas tu. E eu sei exactamente o que queres dizer. O coração dispara, uma onda de adrenalina percorre cada uma das minhas veias e um calor sufocante instala-se à flor da pele. Só tu despertas em mim os mais recônditos desejos. Tu e a tua voz, sempre a tua voz... doce, suave, saudosa. E a cada palavra tua são as minhas mãos que respondem, como se de uma marioneta se tratasse. E, sem que tenha qualquer controlo, elas apoderam-se do meu corpo, explorando-o, numa busca incessante de um prazer devorador. É com inconfidências sussurradas ao ouvido que me fazes ondular e vacilar e descair sobre o meu esterno em arco. Sei que também tu te acaricias enquanto me imaginas deitada nesta cama. Aposto que tens os olhos fechados para me sentires a teu lado e que é a lembrança de um corpete rendado que num dia me pus e tu desapertaste, colchete a colchete, que te faz ficar louco de tesão até que seja tão insuportável que não consigas mais conter-te. Oiço-te a vires-te do outro lado da linha e também eu me liberto deste fogo de querer-te infinitamente. Mas nem mais um orgasmo me sacia desta fome louca de ti.
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escrito por m.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009


Queria (minto) esquecer-te e não sei como. Quem dera, fosse tão fácil, despir-me de ti como deste vestido. Na verdade, procuro-te em cada esplanada, a cada virar de esquina, em cada gota de chuva que me molha os lábios. Procuro a forma da tua boca na arquitectura da cidade, enquanto deslaço o sentimento agreste que antecede a perda. As saudades são reais e (acredito) não são só minhas. Mas contra isso nada podes fazer. Flutuam por aqui insensatas esperanças, embora eu cale o que de facto queria dizer-te: que não quero partilhar com ninguém os teus cabelos curtos por entre os meus dedos, a barba indolente com que me acaricias, o brilho dos teus olhos enquanto me observas, o doce dos teus lábios nos meus, o teu cheiro na minha pele. No fundo, queria (apenas) que acordássemos de manhã, lado a lado, brevemente completos, embalados por impressões difusas de felicidade. Mas não me iludo, não penses. Depois da explosão de vida que me foste, só preciso de saber que ainda me queres, que ainda te lembras do meu cheiro, que também tu sentes a falta daquele espaço fechado em que inventamos os minutos que não temos e brincamos aos casais. Porque é aí que me esqueço de quem sou, querendo-te para sempre e mais um dia.
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segunda-feira, 23 de novembro de 2009


É Outono e chove lá fora. Cá dentro caem apenas as gotas de suor que escorrem pelos nossos corpos. Na lareira crepita um fogo tão intenso como a paixão dos teus beijos. Querias que te abrisse os meus desejos cerrados?! Pois aqui me tens. Este corpo que parece não se decidir, ora tímido, ora impetuoso. Por vezes calmo, de olhar sereno, às vezes tempestuoso, enjaulado, prestes a explodir. Aqui me tens e hoje estou assim: arrebatadora, entusiasta, fervorosa… As nossas mãos entregam-se às carícias. Os nossos corpos enlaçam-se como se estivessem prestes a fundir-se. Estremeço quando me beijas e quando te sinto a ocupares-te de todos os recantos do meu corpo. Este corpo que treme e se dobra ao desejo acumulado. Entramos então numa luta de braços e pernas, bocas e línguas, uma longa batalha que parece não ter fim à vista e que se adivinha prolongar pela noite fora... porque me preenches, porque me satisfazes. E é assim que continuamos a alimentar este fogo interior que não tem pressa de se apagar.
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escrito por m.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009


Sonhei longas noites contigo e desde logo decidi procurar-te sem descanso. Sonhar contigo era algo que só as mais doces e sofridas lágrimas saberiam explicar. Ter-te longe é abraçar a solidão e querer tocar o infinito.
Onde mora este amor? Não num coração ou numa simples mente, não num beijo que se dá ou numa mão que se aperta. Está sim num pássaro livre que voa incansavelmente por entre espumosas nuvens. Está sim num cavalo selvagem, onde toda a sua beleza se concentra na sua liberdade. Está sim numa onda que cavalga por mares azuis esverdeados, sem nunca se esbater nas pequenas partículas de areia que se prolongam ao longo da costa.
Eu amo-te rasgando o céu como se fosse um anjo de cor indefinida. Este sentimento é como um fogo vindo do crepúsculo, que me consome sem dó nem piedade. Quero dar-me em teus braços, correr como a água de uma nascente fora de todo ou algum tempo. A única diferença entre o mundo e toda esta certeza é que o mundo é grande mas o que sinto não tem tamanho. Tudo o que consigo para além de te amar é um rio triste que corre calmo e sereno, eternizado por mil lágrimas salgadas, por meus olhos tristes choradas.
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escrito por m.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

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Amo-te sem saber porquê, quando ou onde. Encoraja-me a tua presença e imagino acender-se em tua boca um beijo, que me envolve com ternura os lábios. És dos meus olhos o prazer que inunda todos os perfumes de um odor selvagem. Ensina-me a compreender-te, preenche-me das tuas incógnitas, enfeitiça-me da tua inocência sem preço e encerra os teus segredos em meu espírito.
Invento um rito de uma esperança cósmica, com o qual te posso venerar com tal fragilidade que ao mínimo ruído te possas partir. Toda a dor da minha alma se deve a ti. És lágrima, alegria, doença, insânia, hipocondria e condolência. Perder-te é algo que não posso sequer imaginar, pois já me preenchi de tal fragilidade que isso é algo impensável. Por trás de mim estão palavras escondidas que saltam a cada minuto que eu te vejo e que te querem falar e não conseguem. Na inquietude da minha alma está um mensageiro, um descobridor, um apaixonado e um simples marujo que te amam sem pensar.
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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

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Acordo e de repente é o teu perfume que me chega. Contra todas as expectativas, estás ali. O cheiro suave a pão quente e sumo de laranja entra pelo quarto. Sorris perante o meu ar incrédulo e eu abraço-te para garantir que não és apenas uma recordação da noite anterior. A música toca e eu, indiferente, não a ouço. Quero apenas beijar-te, uma e outra vez. Sentir o doce dos teus lábios perfeitos e o toque sedoso das tuas mãos. Não me digas nada, aconchega-te só. Desponta nos teus olhos um arremedo de tristeza que deixa adivinhar um fim cada vez mais próximo. A mesma tristeza que em mim só se manifesta no escuro, quando mais ninguém vê. Mas tu conheces-me e antecipas a lágrima que teima em cair pelo canto do olho. Beijas-me as pálpebras, segredas-me ao ouvido, envolves-me num abraço forte e deixas-me chorar no teu peito até acabar por adormecer nos teus braços.
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escrito por m.

domingo, 27 de setembro de 2009


Aqui estamos, uma vez mais, numa guerra corpo a corpo. Lanças-me olhares de desejo como se fossem flechas certeiras e eu correspondo-te com beijos mortíferos. Deitas-me na mesa sem que eu faça qualquer esforço para te impedir e percorres o meu corpo, primeiro com as mãos, depois com os lábios molhados. A barba que roças nos meus recantos enlouquece-me e faz-me gritar por mais. O desenho da tua boca deixa adivinhar como a tua língua trabalha com empenho, lambendo-me com gula. Demoras-te de modo insuportável para fazeres com que te suplique. E eu suplico. Como suplico. Paras. Olhas-me nos olhos. Fazes-me rodopiar e entras em mim enquanto me beijas os ombros e acaricias os seios. Sussurras-me intolerâncias ao ouvido, enquanto me sentes humedecer. A tua excitação cresce cada vez mais e eu consigo ouvir a tua respiração. Pesada, rápida, ofegante. Venho-me, de olhos fechados, enquanto sinto o teu membro a latejar de desejo dentro de mim. Derrotaste-me uma vez mais. Ganhaste uma batalha, não a guerra, prometo-te.
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quarta-feira, 23 de setembro de 2009


As ruas parecem exalar o teu odor insistente. Imagino-te a surgir em cada nuvem que passa. A saudade é bem maior do que eu. Na mesa de um café eu canto e sonho contigo. Debaixo da chuva, canto e vejo-te a meu lado. Olhando a árvore que respira, canto e sinto-te a ecoar dentro de mim. É bem maior o desejo do que a força. Não negues que também o sentes. Mentirias e eu conheço-te.
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escrito por m.

terça-feira, 22 de setembro de 2009


Digo-te uma e outra vez que te desejo. Repito-te que os teus olhos são lindos e que já não sei viver sem os teus beijos. Perguntas-me porquê. Porque me atrevi aos beijos que te dei, nem eu o sei. A única certeza que levo das noites em que te amei é que os nossos corpos se reconhecem no escuro e conseguem decifrar desejos e incertezas à flor da pele. Quando não te tenho, sinto-te a falta. Quando nada me dizes, acho que morro. Quando estás longe, tudo é imperfeito, menos os teus olhos, esses sim são perfeitos (e estão gravados a ferro e fogo na minha mente). Contra isso nada podes fazer. Mostra-me que quando te vais ainda me tens agarrada à pele. E que por mais duches que tomes é comigo que te deitas. Quero saber se, quando estás longe, alguma vez te vieste sozinho, imaginando-me nua à tua frente a acariciar-me para ti. Eu já, porque te desejo uma e outra vez. E porque os teus olhos são lindos e já não sei viver sem os teus beijos.
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escrito por m.

domingo, 20 de setembro de 2009


Encontras-me na rua. Perguntas-me se quero boleia e convidas-me a entrar. Hesito. Melhor, finjo que hesito. Tinha de fazer-me difícil, quando na verdade queria ter-te ali mesmo. Perguntas-me para onde vou, a saber que qualquer que fosse a resposta acabaríamos à beira de uma falésia, com os vidros embaciados (tal como aconteceu). Paraste o carro, desligaste as luzes e olhaste-me com ar guloso. Querias rasgar-me as roupas e penetrar-me por trás, podia vê-lo nos teus olhos. Mas não. És um cavalheiro e, como tal, despes-me lentamente (a adivinhar os meus medos) enquanto me contemplas. E a minha timidez desvanece-se à medida que as tuas mãos se passeiam por mim e me fazem tremer. O meu corpo exige-te. Absorvo o teu cheiro através da minha pele. Dá-me a tua pele. Sussurra o meu nome. Toma-me e fica dentro de mim, naquele silêncio próprio.
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escrito por m.

sábado, 19 de setembro de 2009


Uma promiscuidade prosaica tenta selar-me, com um carimbo apático e sinistro. Embora indiferente sinto-me atingida na alma. O magnetismo injustificado porfia na insânia de um desejo. Uma enorme perturbação consome-me impunemente. Tudo fruto da paixão.
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quarta-feira, 16 de setembro de 2009


Quero-te porque me fazes sentir viva. Estou sôfrega dos teus beijos e imagino-te o corpo despido, à beira-mar, banhado por pequenas ondas que vão e vêm. Debruço-me para ti na areia fria da praia, debaixo do pôr-do-sol, e passeio a minha língua no teu corpo salgado. Sinto-te o gosto, devoro o teu sexo e lambuzo-me com todo o prazer que consigo proporcionar-te. Descubro um lado carnal que não sabia que tinha, povoado de desejos, devaneios e outras coisas mais. Uma paixão avassaladora que me consome corpo e mente, a cada palavra tua, a cada gesto. E fico louca quando te tenho por perto, mais louca ainda quando estás longe. Quero-te porque me fazes sentir viva.
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terça-feira, 15 de setembro de 2009


Relembro-te como se de uma memória antiga se tratasse. Recordo cada gesto, cada carícia e imagino-te em meus braços uma vez mais. Nus. Despidos de qualquer pensamento, de qualquer pudor. Num toque suave da pele molhada pelo desejo. Beijas-me e eu contorço-me, num movimento quase perfeito, de plena sintonia. Com a mão direita, a tremer de nervosismo, afastas a madeixa de cabelo que teima em esconder-me o nariz enquanto, sequioso, percorres o meu corpo com os teus lábios molhados. Paras deliciado no meu umbigo, onde te demoras languidamente, em beijos ardentes. Desces mais. Um pouco mais. E mergulhas por entre as minhas pernas como quem procura um tesouro escondido. Partes à descoberta das mais infinitas sensações e provocas em mim ondas de prazer dignas de um tsunami capaz de arrasar qualquer cidade. Deitas-te sobre mim e pedes-me que te beije enquanto te sinto entrar nas profundezas do meu ser, primeiro devagar depois em movimentos rápidos e compassados. Apetece-me gritar o teu nome enquanto nos fundimos num só, mas a tua língua abafa-me as palavras e devora-me de uma vez. Estamos ávidos de desejo. O tempo passa e nós vemo-lo passar como se as horas fossem apenas minutos, como se não houvesse amanhã, como se ninguém nos esperasse.
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escrito por m.